Ouviu o podcast da BBC “The Banksy Story”? O podcast “The Banksy Story” explora o percurso de Banksy no mundo da arte, desde os seus primórdios em Bristol até à sua primeira exposição em Londres, passando pelas suas obras mais recentes, como a Árvore de Finsbury Park. Apesar da vida e os desafios pessoais de Banksy permanecem um mistério, o podcast apresenta-nos a história de Steph Warren, uma antiga assistente de Banksy. A sua história deixou-nos realmente viciados neste podcast.
Steph Warren: A antiga assistente de Banksy
Steph Warren cresceu em Hastings, uma cidade à beira-mar a cerca de uma hora e meia de Londres e é fã de arte urbana desde muito cedo. A sua carreira no mundo da arte começou na Pictures on Walls (POW), que representou e publicou o trabalho de Banksy de 2003 a 2008, antes de Banksy criar Pest Control. Steph começou a trabalhar na POW quando tinha vinte e poucos anos, ajudando numa exposição em Soho chamada Santa's Ghetto, uma loja conceptual de squat-art com graffiti, ilustrações e obras de artistas de rua locais. Conseguiu vender algumas das primeiras pinturas a óleo de Banksy, que eram versões vandalizadas de obras de arte antigas, por cerca de 350£ - um grande negócio na altura. Pouco tempo decorrido, foi-lhe oferecido um cargo permanente na POW.
Trabalhar com Banksy
Foi assim que ela conheceu Banksy. Em resposta a perguntas sobre ele no podcast, Steph disse o seguinte:
Entrevistador: Pode dizer-me quem ele é? Steph: Não. Entrevistador: Diga apenas o nome dele? Steph: Não, não, não. Entrevistador: Só uma pequena sugestão? Steph: Não o vou fazer. Entrevistador: Pode dizer-me algumas coisas sobre ele? Steph: Não. Entrevistador: A que é que ele cheira? Steph: A tinta. Entrevistador: Ele é engraçado? Steph: Sem dúvida que me fez rir! Entrevistador: É simpático? Steph: Ele tem os seus momentos. Entrevistador: É encantador? Steph: Ele é um bocado reservado.
Também revelou que costumava chamar-lhe “rabugento”. Não pôde partilhar muito mais devido a um acordo de não divulgação, mas também para proteger o mistério de Banksy. Embora não tenha revelado muito sobre o próprio Banksy, a história de Steph dá-nos uma ideia de como foi trabalhar com a sua arte.
“Sweep It Under the Carpet”, 2006
Assistir à ascensão de Banksy
Steph testemunhou a ascensão de Banksy, observando como as suas obras passaram de ser vendidas por algumas libras para milhares. Lembra-se de ter vendido uma Union Jack com a frase “People who enjoy waving flags don't deserve to have one” (em português: Quem gosta de abanar bandeiras não merece ter uma) pintada com spray por 1500 libras - um preço chocante na altura.
Um pormenor fascinante é o facto de ter sido modelo para “Sweep It Under the Carpet”, o stencil de uma empregada doméstica a esconder pó debaixo de um tapete. Vestida de empregada doméstica, posou como se estivesse a varrer algo para debaixo do tapete, enquanto Banksy lhe tirava uma fotografia, dizendo-lhe para “parecer culpada”. Curiosamente, ao descrever esta obra, Banksy afirmou que representava “uma empregada chamada Leanne que limpava o meu quarto num motel de Los Angeles. Ela era uma senhora bastante énergica”. Mais um mistério de Banksy…
Uma luta contra o vício e a pressão da fama de Banksy
A história de Steph também tomou um rumo sombrio. Ela revela que, enquanto trabalhava na POW, um colega apresentou-lhe a heroína. Rapidamente se tornou viciada, uma luta que ela descreve como “um tempo sem paz na minha cabeça, sem paz no meu corpo”. Avisa os outros: “A realidade da heroína é simplesmente aborrecida. Não experimentem”. A sua dependência coincidiu com a rápida ascensão de Banksy à fama, que transformou a sua arte numa bolha especulativa. Os fãs tornaram-se desesperados para obter as impressões de Banksy a qualquer custo, e Steph enfrentou frequentemente insultos e assédio de clientes que estavam determinados a possuir uma peça do seu trabalho.
Esta é a primeira parte da história de Steph Warren no Podcast da BBC. Fiquem atentos à segunda parte, onde veremos como a sua vida se descontrolou ainda mais e como acabou por deixar a POW, continuando a lutar contra a sua dependência.